Batuíra nasceu em Portugal, em 19 de março de 1839, na Província de Águas Santas, e recebeu como batismo o nome de Antônio Gonçalves da Silva e veio para o Brasil com 11 anos de idade.
Mudou-se para São Paulo – que à época, possuía
cerca de 30 mil habitantes – e nos
primeiros ano, trabalhou como entregador do “Correio Paulistano”. A entrega era
feita de casa em casa somente aos assinantes. Batuíra recebeu esse apelido (que
incorporou ao seu nome) por se mover com rapidez, lembrando uma ave do mesmo
nome, muito ligeira que existia em grande quantidade nos charcos do Parque D.
Pedro II, em São Paulo.
Homem de costumes simples, plantava em seu quintal,
tudo aquilo de que necessitava para o seu sustento. Com as economias, adquiriu uma
grande área desvalorizada no bairro do Lavapés, em São Paulo, construindo sua casa e, ao lado dela,
uma rua particular com pequenas casas que alugava, provindo daí recursos para
seu sustento. Mais tarde, a rua recebeu o nome de Rua Espírita e se situada
onde hoje é o bairro do Cambuci,
Foi nesta época que seu filho único, de 12 anos,
faleceu. A dor profunda da perda o levou até a Doutrina Espírita, tendo
dedicado à ela todo seu tempo livre. Adquiriu uma tipografia, a que deu o nome
de “Tipografia Espírita”, na qual imprimia um periódico quinzenal com o nome de
“Verdade e Luz”, que chegou a uma tiragem de 15 mil exemplares, um número
considerável para a época e dada a grande existência de analfabetos ainda.
Adotou uma criança com problemas mentais e paraplégica,
a qual conviveu em sua companhia desde 1888.
Além da ajuda aos necessitados, criou e Grupos e
Centros Espíritas em São Paulo e outros Estados.
Em dezembro de 1904, lançou as bases da Instituição
Cristã Beneficente “Verdade e Luz”, para cujo patrimônio passaram a figurar a
sua tipografia, e dois sítios localizados
em Santo Amaro, nos quais socorria órfãos e viúvas pobres, realizando ali
também, o tratamento de enfermos e obsidiados.
Batuíra era tão popular,
que foi citado em obras como: “História e Tradições de São Paulo”, de
Ernani Silva Bueno; “A Academia de São Paulo – Tradições e Reminiscências
– Estudantes, Estudantões e Estudantadas”, de Almeida Nogueira; “A
Cidade de São Paulo em 1900”, de Alfredo Moreira Pinto. Escreveram ainda
sobre ele, J.B. Chagas, Afonso Schimidt, Paulo Alves Godoy e Zeus Wantuil.
Seu desencarne, em
dia 22 de janeiro de 1909 recebeu registros na imprensa, com destaque também
para seu trabalho como anti-escravagista.